O Brasil ainda não atingiu a meta de cobertura vacinal para a maioria dos imunizantes do calendário básico infantil em 2022. Uma análise do Observatório de Saúde na Infância da Fiocruz aponta que a vacina BCG é a única do calendário infantil que já bateu a meta de cobertura neste ano no país. 90% dos bebês menores de um ano foram vacinados com o imunizante que previne formas graves de tuberculose.
O cenário mais grave é registrado entre as vacinas aplicadas após o aniversário de um ano, a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), a tetra viral (que inclui também a primeira dose da varicela) e a hepatite A. Todas estão com cobertura inferior a 50% da população-alvo.
Patricia Boccolini, coordenadora do Observa Infância, afirma que há risco de retorno de surtos de doenças que já foram erradicadas no país.
Patrícia Boccolini avalia que vários fatores podem estar contribuindo para a queda da cobertura vacinal no país. Desde questões como Postos de Vacinação que fecham cedo, uma falsa sensação de segurança da população, graças às altas coberturas vacinais do passado, até questões estruturais como o aumento da insegurança alimentar.
O levantamento foi feito com base nos dados disponíveis até 28 de novembro. Duas de cada três crianças no Brasil não completaram a imunização contra sarampo, caxumba e rubéola ao longo do segundo ano de vida.
Já a cobertura dos imunizantes previstos no calendário para bebês menores de um ano ficou abaixo da meta em todos os casos, mas os registros, de acordo com o Observa Infância, indicam maior adesão à vacinação nessa faixa etária.
O Ministério da Saúde informou em nota que acompanha com atenção as coberturas vacinais em todo o país e segue priorizando a vacinação como estratégia de prevenção às doenças. A nota diz ainda que a pasta presta apoio aos estados nas ações de incentivo à vacinação e que todas as vacinas do Calendário Nacional de Vacinação estão disponíveis durante todo o ano nas Unidades Básicas de Saúde.
Edição: Jacson Segundo / Alessandra Esteves